No momento em que atravessamos uma crise de graves proporções na esfera econômica, política é ética, certamente a força do campo, a sua pujança – surpreendem. Ainda bem. Alicerçado no trabalho e na ousadia, o campo não só inova, mas, sobretudo, ousa. E mesmo escândalo inesperado, como a operação “carne fraca”, apuradas as responsabilidades, expressa de forma inequívoca a solidez técnica que sustenta o agronegócio: grosso modo conduzida por profissionais de ilibada conduta. Prova disso foi à reação do Ministério da Agricultura e Abastecimento, tomando as providências necessárias que, de imediato, foram reconhecidas pelos mercados mais exigentes do mundo.
O ritmo do campo impressiona. Em 10 anos, segundo as previsões, seremos o maior produtor agrícola do mundo. Clima diversificado, chuvas regulares, terras apropriadas, com 12% das reservas de água do mundo, e gente laboriosa, eis os ingredientes que movem o setor imprimindo-lhe uma espiral ascendente. Há também que se destacar o papel da ciência e da tecnologia capitaneados pela EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, e pelas universidades.
Os números e potencialidades do setor, impressionam. Para comprová-lo, basta analisá-los de forma mais acurada. Dos 388 milhões de hectares de terras agricultáveis (lavoura pecuária), 90 milhões se encontram inexploradas. E, o restante - 462 milhões hectares – 54% são áreas protegidas. Das terras agrícolas do mundo, 22% estão no Brasil. A safra de 2015 alcançou 215 milhões de toneladas. Em 1965 produzíamos apenas 20 milhões. Em 1950, 63% da população se encontravam no campo. Hoje, apenas 15%.
Se considerarmos todas as etapas envolvidas no agronegócio: produção de sementes e insumos, máquinas e equipamentos, defensivos agrícolas e embalagens, à montante do sistema produtivo; e processamento agroindustrial, à jusante; e também o setor de serviços afeto a ambas esferas, verifica-se que o complexo agropecuário movimenta 40% da economia nacional. Abarca um amplo espectro de cadeias produtivas, com destaque para a produção de alimentos e bebidas, fibras, madeira e biomassa (energia).
Exporta para 200 países. Em 2016 as exportações do setor alcançaram o montante de 86 bilhões dólares. E as importações apenas 20% deste montante. Saldo extremamente positivo, portanto. Segundo projeções da FIESP- Federação das Indústrias do Estado de São Paulo -, até o ano de 2026 estaremos produzindo 49% da soja mundial, com um crescimento 6,6% ao ano. E 23% do milho, com estimativa de crescimento anual de 8,8%. Na geração de empregos responde por 37% do total gerado no país.
O maior desafio no momento está na logística: sistema de transporte modal rodoferroviário, aquaviário e portuário.
Confirma-se, portanto, no campo a máxima de Peter Drucker - pai da moderna administração: “Se você quer algo novo, precisa parar de fazer algo velho”. E o campo vem fazendo isso há bastante tempo, e com competência. Os números e os fatos, de forma inequívoca, comprovam tal assertiva.
Onévio Antonio Zabot
Engenheiro Agrônomo
Artigo publicado no Jornal Notícias da Vila.
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