sábado, 28 de outubro de 2017

Arroz: a boa safra

Tivemos uma boa safra de arroz. A safra 2016/2017 foi uma das melhores do últimos anos. Cerca de 25% superior a anterior. E o preço ajudou. Portanto, houve uma combinação perfeita. Quem vive da agricultura sabe que é uma atividade sujeita às condições climáticas. Ora dá certo, ora não! Indústria a céu aberto, está sujeita a chuvas e trovoadas, como diz o ditado popular. 

Quanto ao arroz irrigado, raramente há perda de produção; diferentemente do cultivo de sequeiro, imprevisível em face do regime de chuvas.

Eis que dia desses, junto com o Agrônomo Ricardo Plotow, fomos vistoriar canais de irrigação na região da Vila Nova. Para quem não sabe, uma curiosidade: temos uma rede de cerca de 70 quilômetros de valas de irrigação. Graças a esta estrutura, construída à duras penas, há uma garantia de fornecimento de água, o que garante uma produção segura. Sabemos que para produzir um quilo de arroz se necessita de 1500 litros de água. Isso mesmo. A água está para a agricultura, assim como o aço está para a indústria. Mas para produzir aço também se necessita de água. Muita água. Cerca de 300 mil litros por tonelada. 

O arroz, uma das espécies mais antigas domesticadas pelo homem, há cerca de 7 mil anos na Ásia, ocupa lugar de destaque na dieta humana. As caravanas apreciavam-no, pois uma vez seco, podia ser transportado por longas distâncias. Chegou à Europa através dos mouros na Espanha, e ao Brasil, em São Vicente, São Paulo trazido por Marin Afonso de Souza (1532). Na mesma expedição veio a cana-de-açúcar e o gado vacum. Em Joinville, uma das primeiras lavouras foi plantada na propriedade de Otto Kardoeffel, na rua XV de Novembro, hoje museu da imigração suíça. 

Por volta de 1930, italianos provenientes do Vale do Itajaí, passam a cultivá-lo na região da Vila Nova. As primeiras lavouras exigiram esforços sobre-humanos: à base da força bruta. Tração animal para preparo do solo e colheita manual. Cabe ressaltar que as terras de Joinville, grande parte coberta de várzeas, são próprias ao cultivo do arroz irrigado. Cultura que por sua natureza tolera solo alagados; daí ser conhecido como tesouro dos pântanos. Hoje, o cenário é outro: modernas máquinas e equipamentos, humanizaram o trabalho, tornando-o menos pesado. 

Cultivares melhorados garantem alta produtividade, podendo atingir até dez toneladas por hectare (área equivalente a um campo de futebol. Outras ameaças, porém, rondam o campo. A falta de terras para ampliar a área de produção, o avanço do perímetro urbano e a legislação ambiental a impor normas sem discuti-las com o setor produtivo. 

Enquanto vistoriamos as valas de irrigação (inverno e água fria), eis que o senhor Dalmônico nos acompanha. Descalço, sente-se à vontade. Assim são nossos arrozeiros, heróis anônimos a garantir mesa farta. 

Onévio Antonio Zabot
Engenheiro Agrônomo

Artigo publicado no jornal Notícias da Vila, edição de outubro/2017.

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