Minha família, contando meus
pais, tinha nove pessoas. Quatro mulheres e cinco homens. Não éramos
considerados pobres, meu pai tinha bom emprego e ainda fazia serviços extras,
mas mesmo assim as coisas eram escassas no nosso tempo. Brinquedos e
chocolates, só no Natal. Por isso, a data era aguardada com muita ansiedade.
Fazíamos planos o ano todo para o que pedir ao papai noel...
Isso rendia belas histórias. Uma
delas foi com as caixas de chocolate que eu e meus irmãos ganhamos. Cada um
tinha que cuidar bem da sua, pois os mais gulosos, depois de devorar sua parte,
andavam à procura dos doces alheios. Por isso, precavido, procurei um lugar bem
seguro e secreto para esconder minha caixa de bombons. Tinha que ser um lugar
inusitado, pensei, que não levantasse suspeitas. E o lugar que me veio em mente
foi a gaveta do forno à lenha, daqueles econômicos, que têm um reservatório
para a lenha.
Tudo corria bem. Tão bem que até esqueci-me
dos chocolates. Fui lembrar-me deles quase um mês depois, numa noite, olhando
minha mãe fazer comida no fogão... Não precisa nem dizer como ficou a caixa. O
pior, nestes momentos, é aguentar a turma rindo da desgraça dos outros.
Para encerrar, recordo-me da
festa que era domingo pela manhã, quando acordávamos para ver os presentes
embaixo da árvore de Natal. Logo, todos saíam à rua para compartilhar com os
amigos. Num ano, lembro-me bem que todos os meus amigos ganharam bola de
futebol. Nos reunimos, eu, meu irmão Dirceu, o primo Beto, os vizinhos e
colegas, Leonardo Coelho, Márcio Voss, Nelson Krüger, Sérgio Serafim e Jamir
Laurindo, para brincar no campo de futebol próximo à nossa casa, na rua Marcos
João Serafim. O problema é que havia chovido no dia anterior e ninguém queria
inaugurar a bola na lama. Depois de muita discussão e nenhum acordo, todos
foram para casa assistir TV...
Um comentário:
Cada Natal é um episódio da história da nossa vida. Evidente que os passamos quando crianças foram os mais marcantes, simplesmente porque esperávamos os acontecimentos na mais pura ingenuidade, e as surpresas só aconteciam na noite do Natal. Ninguém sabia com antecedência o presenta a ganhar e muito menos pedia ou ia junto comprar. Que lembranças agradáveis também. Feliz Natal a todos. Elpidio Zimmermann
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