Lendo a obra: A Longa Marcha dos Camponeses Franceses – Louis Malassis, 2003, impressiona sobremaneira o papel da mulher na agricultura francesa. A França, país secular, ao longo da história, enfrentou todas as vicissitudes da civilização, desde o império romano, Idade Média, fase iluminista, culminando com a revolução francesa – movimento que sacudiu toda a sociedade da época, e que se prolonga até os dias atuais. Liberdade, igualdade e fraternidade, compõe um trinário a nos desafiar permanentemente. Guerras, tantas foram as guerras travadas, que é quase impossível enumerá-las. E o papel de Joana D’Arc - heroína e libertadora -, bem expressa a ousadia feminina.
Mas, a maior de todas as revoluções - a revolução silenciosa -, ocorreu no lar. Embora abnegadas e resignadas, doando-se à maternidade e o trabalho, as mulheres jamais negligenciaram as novas luzes, as novas oportunidades. E, eis que no caso da França, os trinta anos gloriosos – 1945-1975 – decisivamente mudaram o universo rural. E, ressalte-se, esta mudança ocorreu, não só pela inovação tecnológica, mas, sobretudo, pela organização do campesinato como um todo. Segundo Malassis, neste período ocorreram quatro revoluções: a cultural, a técnica, a política e a doméstica. A técnica, introduzindo novas tecnologias, a cultural e a política em razão da organização do campesinato, reivindicando condições igualitárias.
Quanto às mulheres, a grande revolução ocorreu no lar. A modernização do sistema produtivo, com a introdução de máquinas e equipamentos, liberou-as de afazeres pesados e fatigantes, caso da ordenha. Quanto às residências, muitas foram as mudanças: água encanada, energia elétrica, cômodos ampliados e confortáveis, rádio, televisão, máquina de lavar roupa, geladeira e outros eletrodomésticos. E belos jardins.
Segundo Malassis, Engenheiro Agrônomo, e expoente deste processo de transformação, os anos gloriosos representaram um novo alento para o campo. O camponês torna-se empresário rural. E a condição de vida, e de renda, se iguala às atividades urbanas. E, este era o grande sonho de todos que lutaram para fortalecer o setor: igualdade entre campo e cidade. Ambos os setores perfeitamente equilibrados do ponto de vista da renda e da cidadania, respeitando-se o devido papel no contexto da sociedade.
Sem dúvida, a obra A Longa a Longa Marcha da Agricultura Francesa, deve ser lida e recomenda, pois expressa um momento importante da história da agricultura e da sociedade humana, cuja evolução provém do neolítico aos dias atuais.
Representa, sobretudo, o desafio de prover alimentação farta e abundante, fator fundamental para a estabilidade das sociedades do passado, do presente e do futuro. E, sem dúvida, a humanização dos afazeres da mulher – a chamada revolução doméstica -, sobressai sob todos os aspectos. E a mulher, até então coadjuvante, torna-se protagonista.
Onévio Antonio Zabot
Engenheiro Agrônomo
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