sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Os políticos que não queremos

Nós já criamos o hábito de reclamar e criticar os políticos corruptos. No entanto, esquecemo-nos que fomos nós mesmos que elegemos e até reelegemos tais políticos. Somos nós os culpados pela perpetuação de políticos corruptos no poder, seja por meio da reeleição, seja pelo instituto da ‘hereditariedade política’, encarada como ‘negócio de família’ por muitos.
Em ano eleitoral é pertinente levantarmos esse tipo de discussão, porque teremos, mais uma vez, a oportunidade de fazer algo, ajudar a mudar aquilo que consideramos errado, irregular, vergonhoso… Obviamente que dificilmente encontraremos pela frente um Tiradentes se apresentando como candidato, mas ainda é possível sim ‘separar o joio do trigo’.
Pensando nisso, vamos analisar 10 perfis de políticos sobre os quais devemos ter cuidado, especialmente quando esses se oferecem para nos representar nos parlamentos federais (Câmara Federal e Senado), estaduais (Assembleias Legislativas e Câmara Legislativa do Distrito Federal) e municipais (Câmaras Municipais de Vereadores). Uns podem apresentar uma ou duas características, enquanto outros carregam todas:
01 – Acusado de corrupção
Esse é o tipo de político que devemos ter muito cuidado. A sabedoria popular diz que “onde há fumaça, há fogo”. Diante de uma acusação não confirmada, ainda podemos ter uma certa desconfiança de que poderia ser infundada, mas quando o mesmo indivíduo coleciona acusações de ter participado, planejado, ou se beneficiado de esquemas corruptos, é preciso ficar de olho aberto.
Certamente teremos outros candidatos com a ficha mais limpa para escolher como nossos representantes. Não precisamos nos preocupar – teoricamente – com aqueles que já foram condenados por um colegiado, pois serão naturalmente excluídos do processo eleitoral pela Lei da Ficha Limpa.
02 – Promete e não cumpre
É o tipo mais comum de político hoje com mandato. Não estamos aqui falando de políticos que oferece benefícios pessoais em troca de votos. Vamos tratar desse tipo de político no próximo item. O político em questão é aquele que durante a
campanha apresenta uma série de projetos e ideias aos eleitores, durante os comícios e nos programas eleitorais gratuitos do rádio e da televisão, mas após eleitos simplesmente esquecem-se do que disseram.

Por isso é importante prestar atenção no que esses políticos dizem, guardar os programas de governo, folhetos com propostas e até gravar (se possível) os programas eleitorais. Alguns deles dizem representar uma categoria, uma região, uma comunidade, mas depois de eleitos simplesmente se transformam em outra pessoa, defendendo interesses totalmente adversos daqueles que pregaram durante a campanha. Quem não honra sua palavra não merece representar um povo.
03 – Oferece benesses em troca de votos
É o pior tipo de político e muito comum hoje em dia, em todo o território nacional. Esse político tem ‘bala na agulha’, tem dinheiro para gastar na campanha e tentar ganhar a eleição com desonestidade, uma vez que a compra de votos é crime no Brasil.
Esse político não tem proposta concreta nenhuma e nem se preocupa em melhorar – de forma coletiva – a vida das pessoas que precisam. Por dispor de dinheiro, acha que pode comprar sua dignidade, oferecendo-lhe pequenas quantias, emprego em seu gabinete, ou objetos materiais de construção.
Votando nesse tipo de político você estará vendendo sua alma e não poderá cobrar nada dele depois. Afinal, ele já comprou e pagou – muito barato, aliás – o seu voto.
Vale lembrar que quem vende o voto é tão corrupto quanto quem compra.
04 – Só defende quem está no poder
Tem político que, enquanto candidato, é um exímio defensor do povo, um verdadeiro herói. Denuncia quem está no poder, participa de discussões contundentes nas redes sociais, enfim, é um militante exemplar. No entanto, depois de eleito, sua primeira ação é mudar-se de ‘mala e cuia’ – como se diz aqui no Norte – para o lado dos poderosos, de quem detém o poder e, assim, passa a defender o presidente da República, governador, ou o prefeito. Esquece-se que quem o elegeu foi o povo e que é dever e obrigação dele defender os interesses da população e não de um governante ou grupo político cujos interesses são apenas se locupletarem dos recursos públicos.
05 – usa o nome de Deus em vão
O uso do nome de Deus tornou-se comum nas últimas décadas para alguns políticos alcançarem o poder. Temos visto muitos representantes das igrejas evangélicas exercendo mandatos como deputados federais, senadores, deputados estaduais e vereadores e até no comando de alguns Estados. A participação desse tipo de político é importante, principalmente pela defesa de princípios que precisamos manter vivos para o bem da sociedade. Nada contra, uma vez que a própria Bíblia Sagrada diz que toda autoridade emana de Deus.
“Obedeçam às autoridades, todos vocês. Pois nenhuma autoridade existe sem a permissão de Deus, e as que existem foram colocadas nos seus lugares por ele. Assim quem se revolta contra as autoridades está se revoltando contra o que Deus ordenou, e os que agem desse modo serão condenados.”(Romanos, 13:1-2)
No entanto, é preciso cuidado, pois muitos usam e abusam do nome de Deus apenas para ganharem adeptos à sua ‘causa’, se apegam a esse trecho para fazer política suja, se colocando como autoridades constituídas por Deus e, ao invés de trabalharem em benefício do povo, agem apenas em benefício próprio. Esquecem-se do maior mandamento deixado por Jesus: “Amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus” (1 João 4:7-8). Como pode um político que se diz representante Deus, discípulo de Jesus, agir às escondidas desviando recursos que deveriam ser destinados aos mais necessitados?
Mas para esses ‘lobos em peles de cordeiros’ a própria Bíblia também prevê punições: “Porque as autoridades estão a serviço de Deus para o bem de você. Mas, se você faz o mal, então tenha medo, pois as autoridades [judiciárias, no caso], de fato, têm poder para castigar. Elas estão a serviço de Deus e trazem o castigo dele sobre os que fazem o mal.” (Romanos, 13:3-4)
Portanto, tenhamos cuidado com políticos que se dizem santos, mas agem como demônios. Discursos bonitos e o uso de trechos bíblicos em seus pronunciamentos e/ou redes sociais não são suficientes. É preciso conhecer suas ações.
06 – Só aparece em época de eleição
É muito fácil encontrar esse tipo de político. Em ano eleitoral ele se torna seu melhor amigo, visita sua casa cheio de ‘amor’ – e até outras coisas – para dar; participa de reuniões em seu bairro, apresenta ideias e propostas para resolver os problemas da comunidade e até critica quem está no poder. Quando se elege, nunca mais aparece na região e, quando você vai procurá-lo em seu gabinete, leva ‘chá de cadeira’ e acaba saindo de lá frustrado por não ser recebido. Quem conhece um político assim? Eu conheço vários!
07 – Não assumem os erros cometidos
São sinais de mau-caratismo: não assumir os erros cometidos, não demonstrar arrependimento, não pedir perdão e não se comprometer em mudar. Errar é humano, obviamente, mas principalmente para o político deveria ser princípio fundamental isso acontecer somente por ignorância, ou desconhecimento de determinados procedimentos.
Agir de má fé, com conhecimento de causa e/ou por pura pilantragem, é inaceitável e característica fundamental para um indivíduo ser banido definitivamente da vida pública. Se você começar a usar esse item como princípio, estará dando uma enorme contribuição para a erradicação da corrupção no Brasil. Uma andorinha só faz, sim, verão, porque quando se juntam, fazem a diferença.
08 – Mentem compulsivamente
“Quem mente, rouba”. Certamente você já deve ter ouvido esse adágio popular. Essa frase resume tudo. É assim mesmo. O político mentiroso também tem coragem de enganar, subtrair, roubar o seu dinheiro, os recursos que seriam destinados à sua saúde, a educação de seus filhos, o futuro do nosso Estado, da nossa Nação.
Esse é o tipo de político que morre negando, embora todas as evidências apontem para a sua verdadeira índole. Certa vez um político teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral porque ficou comprovado, pela Polícia Federal, que ele havia comprado votos durante a campanha do pleito em que ele se elegeu. Mesmo assim, em um de seus últimos discursos, ele disse da Tribuna que não havia sido cassado, que era tudo invenção da imprensa.
É também do feitio desse tipo de político inventar estórias para prejudicar seus adversários e/ou conseguir algum benefício para si. Ouvir e espalhar boatos é prática comum desses políticos. Tome muito cuidado. Você pode estar próximo de uma cobra venenosa.
09 – Legislam em causa própria
Tem político que só se elegem para conseguir benefícios para si, seus familiares e seus amigos. Usam o mandato para fazer acordos escusos, votar a favor de determinados projetos apenas se receber algo em troca. Esse é do tipo que são capazes de vender até a alma para o diabo para conseguir o que almejam.
10 – Antes de cumprir o mandato, concorrem a outro cargo
Político que se elege para um mandato e antes de cumpri-lo integralmente já buscam ‘pular’ para outro cargo, demonstra total falta de compromisso com as pessoas que o escolheram para representá-las no Parlamento. É muito comum acontecer com vereadores, que antes de completarem dois anos de mandato já concorrem a outros cargos, como deputados estadual e federal ou senador.
Como confiar na palavra de um parlamentar que não cumpre o compromisso assumido de defender as causas do povo por quatro anos – ou oito, no caso dos senadores – e, ao invés disso, busa os benefícios de outro cargo mais interessante? Ao agir assim, muitas vezes esse político deixa em seu lugar alguém – o suplente – que não assumiu qualquer compromisso com quem elegeu o primeiro.
Quem conhece?
Com certeza você conhece alguém que tenha uma, duas, ou até todas essas características citadas acima. Como você percebe, não é difícil escolher em quem você deve confiar seu voto nas próximas eleições.
Decepcionados com tanta corrupção e escândalos que mancham o nome do Brasil mundo afora, muitos dizem que votarão em branco, ou nulo nas próximas eleições. No entanto, essa definitivamente não é melhor a solução. Agindo assim, você só estará deixando de ajudar a eleger pessoas que possam fazer uma política diferente e acabará beneficiando cada vez mais os corruptos.
Nunca deixe de discutir política, não seja alienado e não deixe que pessoas maldosas decidam sobre sua vida e de sua família. Proteste, denuncie, reclame, cobre e, principalmente, vote consciente naquela pessoa que você conhece, sobre a qual já pesquisou a vida e, por isso, é quem você confia.
Qualquer dúvida, consulte a relação acima e caso o(a) cidadão(ã) passe limpo em todos os 10 itens citados, certamente será um forte candidato a ganhar seu voto. Caso contrário, fique bem longe e o ignore na hora de votar.
Já que não encontraremos um “Tiradentes” para escolher como nosso representante, só nos resta recorrer a parâmetros que pelo menos se aproximem dos ideias que queremos para nossa política.
Fonte: WIRISMAR RAMOS  (e-mail: wirismar@gmail.com)

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