sexta-feira, 26 de maio de 2017

Histórias das Estradas Rurais - Estrada do Salto II: O agricultor, um empreendedor e a professora

Pessoas que acontecem, famosas, de excelente coração e que são dotadas de três virtudes essenciais para a humanidade: paciência, generosidade e trabalho. Um espanto da Providência Divina. Marcaram nossas vidas com ferro quente. Uma tatuagem redentora, e que merecem tributos e louvores permanentes. Uma emoção. Não queriam ser importantes, mas eram importantes.

O agricultor é o sr. Alfredo Klug e sua esposa Gertrudes. Tinham mais filhas que filhos e lutavam do amanhecer ao anoitecer no plantio e cultivo das batatas, aipim e cará. Mantinham muito capim para os animais e cana-de-açúcar para cozinharem semanalmente o melado e o muss (palavra nativa) de carambolas e tangerinas. O sítio era o mais caprichado de todos. Semanalmente o seu Alfredo e seu filho Nivaldo iam para a cidade, atender seus fregueses com os produtos naturais e sem agrotóxicos. Voltavam cansados. Uma família inesquecível.

Um empreendedor: sr. Alfredo Bachtold e sua esposa Yolanda, uma filha e três filhos. Um homem destemido no corte de toras para atender seus clientes da região e da cidade. A sua serraria funcionava com a força de um velho motor e depois com a força da água. Quantas casas e ranchos feitos graças ao seu trabalho e dos colaboradores. A preocupação era quando ele ia para a cidade. Diferentemente do xará Alfredo Klug, não voltava no mesmo dia e, muitas vezes, demorava até três, quatro ou cinco dias para voltar. Desespero para dona Yolanda que esperava o trigo, o açúcar e o café. Fazia os melhores bolos do mundo. Não esqueço de quando nosso protagonista comprou uma TV, que funcionava com bateria em 1970. A energia elétrica chegou em 1978.

A nossa querida professora Gema Dalva Pacher. Alfabetizou e ensinou as operações básicas para os meninos e meninas de muitas famílias: Ramos; Giovanella; Wirges; Guiffon; Schulze; Schiochet; Bachtold; Valentini; Sack; Schmucher, entre outras. Das muitas atividades que envolvia os alunos chamava atenção eram as homenagens para o Dia das Mães e dos Pais, com apresentações de poesias e cantos, ou seja, aquilo que chamamos de sarau. 

A Estrada do Salto II é uma luz para o mundo. Não foram os borrachudos, nem as chuvas ininterruptas nos anos de 1985 e 1986 obstáculos para aquilo que ela é hoje, proporcionalmente, a maior riqueza econômica e de empregos de Joinville.

Na Estrada do Salto II ocorreu o milagre da convivência entre italianos e alemães (católicos e protestantes). Uma lição de tolerância, respeito e paz. Um legado de significados, pois como diz o escritor Rubem Braga: “a vida é curta e, enquanto pensamos, ela se vai e finda”. 

Valdir Schiochet

Um comentário:

Neuraci Alves Medeiros disse...

Os sobrenomes citados no texto são familiares para mim.Comecei a lecionar Lingua Portuguesa e Inglês na Escola Maestro lá pelos anos 1974 ,logo depois da graduação em Letras.Foi uma época muito enriquecedora da minha via.Parabéns pelo texto.